quarta-feira, 30 de setembro de 2009

avante!

fiquei em burgos mesmo! muita coisa p ver aqui.
amanha vou partir cedo. cavaleiros templarios me informaram q vc está meio sol à minha frente!

el caminador!

porraaaaaa!!!

passar trote no blog na vale!!! to em burgos!!! en hospital del peregrino (para quem nao sabe eh um albergue de voluntarios, que nao se cobra estadia e oferecem cafe-da-manha e, as vezes, jantar). aqui esta facil a conexao. mais tarde entro de novo, para saber cade tu. creio q deve ter partido!

abc
ramiro, el caminador!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

BURGOS!!!!!

Pô velho, quase que passou mesmo, mas me deu uma sapituca como diria nossa querida amiga e ex-colega de sala Mari e vim até Burgos! andei 26km hoje, ou seja, estou 16 km na sua frente! Putz! Você não deu notícia e fiquei sem referência, Tití. Vou fazer assim: Deixo um recado pra você aqui neste Albergue Municipal de los Cubos! - espero que você leia este post!!!

Mas ou te espero aqui ou te encontro na próxima ciudad.

Ah, tenho que te mostrar unas fotos muy looooooocas que tirei! E caminhei com o BOB ESPONJA por muuuuuuuuitos km... os peregrinos deram paaaala!!!

HAHAHAHAHAHHAHA!!!!!

fala doidooooo!!!

fala doidooo!!! ja te passei!!! estou em cardeñuela, ha mais ou menos 10 km na sua frente!!!
te espero manana!!!
abc

ramiro maia

ATAPUERCA

Não vou pra Burgos hoje.

Passando aqui em Atapuerco, cerca de apenas 5,66km de onde dormi, decidi ir fundo no conhecimento pessoal... e visitar o sítio arqueológico mais importante da Europa, onde foram descobertos um monte de ossinhos, cabeçinhas e intrumentos que contam um pouco de nós, indo lá atrás, há cerca de 800.000 anos. Se este é um caminho de auto conhecimento, de algum modo, eu achei que tinha que passar por aqui... E qual foi minha surpresa, quando tendo a aula no bat local, o arqueólogo nos falou sobre as descobertas que nos falam da importância da linguagem para esses nossos ancestrais.

Acho que caminhei muito hoje... posso pousar aqui ou na cidade vizinha e esperar um pouco mais o Ramiro. Pena que não consigo postar uma foto de hoje pela manhã. Simplesmente incrível o que vi antes de chegar aqui...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mudança de planos, Falcão!

Alô Falcão! Cadê tu?

Planejei andar cerca de 22 hoje, nada de 30 pra você me encontrar em 2 dias. Mas tem um problema: acabei de chegar em Villafranca Montes de Orca e esse albergue não dá pra mim. Fica numa estrada que passa caminhão pra dedéu. Portanto, vou andar com fé. Porque a próxima parada é a 12km, amigo. Foi mal. Conforme for, dou um relax em Burgos pra ver se você chega. Como você não postou, não sei ainda quantos km você está atrás... Vou dormir hoje à noite em San Juan de Ortega, ok? Hasta, amigo!

Conforme for posto mais de lá. Esses primeiros 22,5km andando com Gilberto Gil foram beeeeem interessantes. Não, não estou ouvindo mp3.
Estava era medicantando "O melhor lugar do mundo é aqui"... Quem não conhece essa música tem que conhecer. ;)
Vou indo que o sol tá quente e ainda tenho 12km hoje... ufa... haja pé, coluna, ombro, articulação...

Bê.

domingo, 27 de setembro de 2009

" "


Estou em Viloria de Rioja, onde nasceu Sto. Domingo de La Calzada. Onde a galinha cantou depois de assada. A "lenda" é interessante, mas não vou contar aqui. É bom saber que tem um galo e uma galinha vivos dentro da igreja. Aliás, o único lugar do mundo que tem uma galinha e um galo vivos dentro da igreja...

Andei apenas 16km. Quando tinha andado uns 18,5km., me sentei no meio do campo. Depois de meditar um pouco, resolvi voltar. E ficar neste povoado, pra ver se meu amigo Ramiro chega. Se chegar, bem, se não, tudo bem também.

Quando saí, pensei: bom, acho que vou fazer esse caminho sem olhar pra trás. Ainda bem que não fiz isso. Quando a gente olha pra trás, muitas vezes descobre que o que vemos é muito lindo. Em muitos casos, mais lindo do que vemos em nossa frente. Interessante notar quando olhamos pra trás, por mais lindo que seja o que a gente vê, que não estamos mais lá. Interessante notar que olhamos pra frente e também não estamos lá. O que complica um pouco uma fala recorrente minha: - "sei lá..."
Se lá é aonde sei e se não estou lá...

hum... deixa pra lá. Vai aí um escritinho de ontem no meio do caminho:

Meditei tudo. Me ditei todo.
E, no final, " ".
Quero que você compreenda " ".
Amor palavra, amor pelavra, a mor, mor,
o mar de inconceiros.
A paz transgressora. O rito pessoal.
" " e nós...

Medite vocêu. E transcenda DEUs.

Ramiro, passe aqui em Viloria de Rioja. O nosso amigo hospitaleiro Acácio e sua esposa Orietta vão gostar de te conhecer... Galo!


sábado, 26 de setembro de 2009

alô, alô!!!

alô, alô! falcão chamando ninho, câmbioooo!
estou em navarrete a caminho de nágera!
vou tentar puxar 6 km por dia, para te alcançar amigo!
hasta la vista!

ramiro maia


Alô, alô, Falcão! Aqui é o Papa-Léguas falando, câmbio! Senta o pau aí...! Estou em Santo Domingo Alguma Coisa Que Esqueci o Nome. Andei só 21 hoje pra ver se em dois dias você me alcança! Ainda não entendi o porquê de você ter ficado um dia a mais em Logroño... (hummm...foto?)
Ah, uma dica importante, Falcão:
ATENÇÃO - depois de andar 36 km, evite colocar Hipoglós na escova de dentes!
Hasta la vista, Chico! :)

Bê Sant'Anna

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Passamos Coronel Fabriciano


Ontem saímos cedo pela primeira vez. Simplesmente emocionante ver os peregrinos em formiguinha pelo caminho. Doido. De repente, sozinho. Ninguém à frente, ninguém atrás. Nenhuma alma viva. E aqui tem poucos passarinhos (talvez seja a época - espero). Quando assustamos, já encontramos novamente com uma dupla conhecida, um peregrino novo, uma turminha manjada que ficou lanchando no caminho. Isso aqui tem uma energia incomparável.



Chegamos em Logroño já tarde, porque almoçamos na metade do caminho de ontem em uma cidadezinha linda. Como Ramiro tinha ficado pra trás porque estava com bolhas incomodando, eu e Juan, amigo novo de Madri, esperamos por ele mais de uma hora enquanto tomávamos 2 chopps e comíamos o menu do peregrino. Quando chegamos na cidade de destino, já era tarde. Resolvemos pegar uma pensão, já que havia havia festa de São Mateus e tínhamos que também entrar nessa. Pois bem. Tomamos uma (na verdade, várias) cerva à noite, foi muito divertido. Muitos filminhos engraçados pra mostrar na volta e muitas fotos.

Quando a vontade de equilibrar as coisas me bateu, voltei pro pouso e Ramiro ficou curtindo um pouco mais. Isso fez com que eu acordasse 8, esperasse por ele até 10, quando ele me disse que tinha resolvido ficar por lá, não caminhar neste dia de hoje. Como nosso combinado é fazer o que cada um tem vontade, minha vontade era peregrinar, tenho muito a caminhar aqui. Foi o dia mais solitário (foi?). Espero encontrar meu muito amigo até Santiago. Fica menos divertido caminhar sem ele.

Manjit, mestre de Yoga, me deu dois mantras gravados em mp3. Desde o Monte do Perdão que ouço todos os dias durante determinada hora em minha peregrinação. Hoje, ouvi 3 vezes. 3 horas de mantra, e quase 8 de caminhada, com paradas etc., que me fizeram pensar nada e pensar tudo. Obrigado Manjit. Também caminho por você e o que medita de mais profundo.

Minha médica me deu um presente especial, uma farmácia que tem sido muito útil e que também me faz me lembrar dela. Até agora usei o Cataflan, 3 tandrilax e hoje um polaramin, que estou com umas bolinhas vermelhas perto de um dos calcanhares, que me deixaram cismado - hum...fiquei em dúvida se é sismado ou cismado. Enfim.

Hoje caminhei 36km. Nem sei como. E foi incrível chegar em Nájera e, ao passar na frente da igreja de Santa Clara- sem ter percebido que era uma igreja -, sem mais nem menos, uma senhora virou pra mim e disse: - Vai começar a missa agora... Quando entrei e vi as Clarissas sentadas atrás de nós (e que eram de fato Clarissas), me veio uma emoção incrível. Soluçei, literalmente, até a homilia. Emoção sem motivo? Resultado de quase 8 horas de caminhada com 3 de meditação? Não sei bem. Me tomou de assalto e me deu uma sacudida impressionante. Imprimiu de fato. Ah, e de foto. Espero que meu amigo peregrino veja esta missa amanhã.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Cenário


Acordei 7:30h pra sair.
Quando eram 9:45h Ramiro disse:
- Meu pai me apelidou carinhosamente de "Marcha Lenta" quando eu era pequeno...

Sol na moleira. Era pra gente andar 19km, já que adiantamos o expediente ontem, e dormimos um pouco além da programação habitual. Mas quando chegamos em Villa Mayor de Monjardin, meu amiguinho pediu pra ir até o Castelinho de Monjardin. Bacana. Seria simples se os dois km pra ir e dois pra voltar não fossem num sol de 13h e o ângulo de ataque da montanha igual ao do tobogã da Avenida do Contorno, em BH...

Só uma coisa a dizer: putz! Hoje que seria o dia de descanso, o quinto dia, andamos mais 4 e pouco a mais que a galera que saiu junto com a gente. Num sol absurdo e num relevo de deixar Conan, o Bárbaro um aculturado francês.

Ramiro andou um bom tempo de meia, já arrependido de ter jogado fora as papetes. É está com uma bolha incomodando. Eu não tenho bolhas. O Karate desde os 9 anos de idade, se não me deixaram ninja, me fizeram saber bem o que é uma bolha de verdade. Aqui também não dá pra postar fotos. O competa fica numa caixa e enfiamos moedinhas pra postar. Não dá pra carregar as fotos pro computador.

Tem uma coisa que tem me deixado intrigado. Minhas reflexões durante o dia têm sido corriqueiras. Mas meus sonhos à noite tem sido assustadoramente reveladores. Muitos. Pesadelos todos, sacudidas de tudo que é sorte.

Como diz o Ramiro: - Reparou que tem hora que parece que você para de andar e o cenário é que parece que está em movimento???

Bem, talvez a gente consiga realmente fazer o mundo girar com nossos passos.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Meus ombros dóem


Estamos em João Monlevade. Bom, estaríamos, se estivessemos indo pra Alcobaça, BA à pé.

Chegamos a Estella, passamos pelo Monastério de Irache (Iratxe) e vamos pousar um pouco depois, aqui em Ayegui.



Hoje andamos de 29 a 31km, aproximadamente.



Nas Bodegas de Iratxe, fomos premiados com um lanche bacana: pan, boquerones apimentados, queso manchego, vino - que é servido em uma fonte ao lado da fonte de água, cortesia da própria vinícula -, e frutas secas. Muito bom... Infelizmente não há como postar hoje nenhuma foto, depois postamos, em outra parada...



O sol veio pra ficar, parece. Cozinhou a moleira, chicoteou quem andava pelo caminho. Nos rostos, o sol imprimia rugas. O cenário não foi dos mais belos hoje, mas tivemos grandes surpresas boas, como o bate papo com o Pastor de Ovelhas Pedro Mário e seu cachorrinho simpático. Ele reclama que seu filho advogado (lembrei dos filhos advogados dos pastores de ovelha do Brasil...) não tem serviço. A Espanha está em crise.



Foi bom repartir parte do caminho com as Australianas Angela e Luci, e a sueca (acho) Sarah. São novas amigas peregrinas, que, como os demais, não sabemos onde estão neste momento. Cada um faz o seu ritmo e seu caminho. Elas, junto com Pepe, a reencarnação de Raul Seixas, o cachorro preto citado por Paulo Coelho em Diário de um Mago, o mineiro Bruno, a paulista japa Erika, as canadenses Jessica e Elizabeth e os israelenses Ruth e Roee são nossos amigos temporários.

- É, Tití, as gatas definitivamente, foram peregrinar em Ibiza..., concluiu o Ramiro.

Meus ombros dóem. Carrego muito peso. Nove quilos, no total. 8,6 na mochila e mais uns 400g, aproximadamente da bolsa de mão. Eu deveria ter jogado a metade das coisas fora, como o Ramiro, mas sou mais apegado às coisas. Todas, certamente. Mas até Santiago, talvez aprenda algo. Carregar o peso do mundo, mesmo que seja o meu, tem sido um fardo hercúleo para quem não é dos mais fortes. Mas tenho uma faixinha verde na cabeça que me faz seguir adiante. Ela me foi dada pelo meu maior exemplo de superação e força de vontade. Esta faixa vai me fazer chegar com ou sem ombros a Santiago. Tento dar uma polida no meu cajado e inscrevo/escrevo nele motivos pra chegar. Um coração, as iniciais dos meus pais, da minha irmã, a cruz, símbolo de Santiago. O que mais vou escrever? O caminho me sopra e eu escuto. Hoje, por falar nisso, encontramos com nossos dois anjos da guarda. Mas isso é outra história.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

De Cizur Menor a Puente la Reina...




Ontem simplesmente não deu pra postar nada. Chegamos faltando quinze minutos pras sete em Cizur Menor, passamos de Pamplona e fomos dormir ao lado de uma igrejinha linda da Ordem dos Maltas.

No dia 20, saímos de Zubiri depois que todos já tinham deixado o Albergue e ainda fomos tomar um café, calmamente.Se por um lado não estarmos com pressa nos faz curtir tudo com um relaxamento quase Zen, do outro, acontece como hoje, que chegamos em Puente La Reina e o Albergue tava lotado, tivemos que meiar um quarto de pousada. Engraçado é chegarmos na cidade de destino e todo mundo já estar de banho tomado e já alimentados.

Como chegamos em Cizur 18:45h e quisemos ir à missa do lado do albergue, quando terminou a missa e tomamos banho já estava quase na hora de fecharem o albergue, o que nos fez ir correndo, praticamente, à praça e comer algo às pressas pra não ficarmos de fora...

As quilometragens são diferentes do que encontramos na internet. Minhas medidas com o GPS são mais precisas, o erro é de até 7 metros, aproximadamente, o que me fez concluir que as medições que encontramos na internet se referem ou ao asfalto entre 2 cidadelas, ou entre caminhos distintos - na verdade já encontramos pequenas variações de percurso, o que, somado, dá uma diferença significativa. Ontem andamos uns 29 km. Hoje, uns 26,5 km. Ontem o joelho do ramiro tava melhor. Hoje, ele chegou aqui arrastado...

É ridículo dizer que tem sido engraçado viajar com o Ramiro. Óbvio ululante. Depois dele ter cumprimentado simpaticamente umas 5 ou 6 moçoilas no caminho quando passamos por Pamplona, inclusive nos arredores da vila universitária, ele reparou que elas não estavam sendo tão simpáticas quanto o habitual:

Ramiro: - É, Firififi... as meninas aqui não dão moral pra Peregrino não...
Eu: - Claro. Elas devem pensar: são tudo uns pé rapados sem dinheiro e sujos que dormem ao relento...
Ramiro: - Terminando essa peregrinação vou comprar um Rolex quando chegar em BH...


***

Meus pais não sabem, mas me deram (obrigado, pais!) uma máquina de fotografia - eu sou antigo. Eles me deram uma quando fiz 15 anos, ela está zero km. Mas 21 anos depois, não sendo digital, teve que ir pro estaleiro até segunda ordem. Foi assim com o som que me deram, aos 13. Ele está zero. Tenho essa mania de cuidar com carinho dos presentes que me dão. Quero cuidar dessa viagem. Foi um presente lindo que ganhei de mim mesmo.

Hoje, o principal, é que transpusemos o monte dos perdões e que conhecemos uma igreja octogonal de uma energia ímpar ao desviar do caminho... Ah, e a foto com a Dona Catalina de 92 anos que deu umas bengaladas no Ramiro promete...

A vocês, que estão lendo o blog, ânimo! (bom, e a nós também, que putz! - é osso 20 e tantos km dia!!!)

domingo, 20 de setembro de 2009

sábado, 19 de setembro de 2009

Zubiri




Estamos em Zubiri.
Quando meu GPS desligou - não estava carregado suficientemente ele estava marcando 23.7 km. O que me faz crer que andamos hoje 24,4km. aproximadamente.
Muita chuva. Muita pedra. Muita subida. Muita descida. MUITA LAMA.
Capa de Anorak aprovada, bota mais que aprovada. Continuo suando igual a tampa de marmita.
E Ramiro continua sendo a criança de 12 anos mais curiosa da face da terra.
Tanto é, que quando "ralhei com ele" pela décima oitava vez (- pô, velho, vamo nessa, não perde o foco!) ele me disse: - Putz, cê tá parecendo a minha mãe... Coitada... Ela ficava doida quando andava comigo no centro de Belo Horizonte. Eu parava em TODOS os camelôs...
Deu pra entender, né?
Em outras palavras, fomos os últimos peregrinos a deixar roncesvalles e os últimos a chegar em Zubiri.
Ainda tentamos voltar e fazer os Pirineus, mas nos encontramos com um alemão que tinha acabado de passar por lá e disse que com a chuva não valia à pena. E, no café, a previsão era pra chuva hoje e amanhã, sem trégua.
E foi o que aconteceu.
O joelho do Ramiro dói desde que saímos da pousada. E o terreno de hoje não ajudou em nada. pra não dizer que piorou.
Mas o mais engraçado foi o Ramiro, no sexto quilômetro, abandonando, literalmente, METADE do que ele trouxe na mochila. A mulher que recebeu um saco cheio de doações deve ter lavado a égua...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Neblina e Chuva mudam os planos.

Chegamos a Roncesvalles.

O caminho nos mostra que a falta existe em qualquer lugar. Muita neblina e muita chuva nos indicam que não é prudente atravessar os vinte e sete quilômetros e meio de Pirineus à pé. Todos daqui nos aconselharam a partir de Roncesvalles.

A maioria dos peregrinos que aqui estão parecem que não vão fazer o caminho inteiro. Alguns se assustam com nossa disposição.

A chuva intensa molhou o tênis do Ramiro, deixou meio húmida minha capa e nos molhou por fora e por dentro.

A catedral que só vimos com mais cuidado internamente, por causa da chuva, nos passa um ar taciturno. Na verdade, estou escrevendo no plural, mas tenho que escrever no singular. É que já me sinto parte, dupla de dois do time que vai sair daqui amanhã e chegar feliz a Santiago de Compostela. Eu e meu amigo de infância (na cabeça dele oitava série já é adolescência, na minha, infância) Ramiro Maia vamos negociar com o caminho, brigar e fazer as pazes conosco, viver apenas mais quarenta dias de vida - esperamos - de um modo não tão habitual.

Devo confessar, chorei baldes na missa do peregrino, que assistimos à pouco. Não sei o porquê. Não estou pagando promessa, não estou com um motivo exatamente claro em minha mente, a não ser o que confidenciei para a filósofa da minha família. Aliás, eu diria que o motivo é filosófico. Não vi se o Ramiro se emocionou, fiquei muito centrado na minha experiência, e no sentimento do todo, de todos que ali estavam. Os quatro párocos que celebraram a missa comungaram de uma energia semelhante, me parece: integrada, misteriosa. Ouvi-los cantar reverberando alma pelo interior cinza-pedra que me parecia gótico - eu e meus vastos conhecimentos de arquitetura... - realmente me fizeram mudar de plano astralmente falando...

Experiência sutil única, preciso confessar.

Cheios de bênçãos vamos dormir (nos contêiners com oito ou dez camas que nos servem de alojamento), na certeza que caminharemos amanhã o dia inteiro na chuva, interna e externa. E que os efeitos da interna não sejam tão molhados que nos afoguem nem tão cheio de ondas que nos façam náufragos em nós.

Obrigado, meu Deus, por me trazer até aqui.

Obs.: ainda não foi possível postar fotos nos textos. Assim que der, coloco as fotos nos textos anteriores para ilustrar a fala, para a imaginação da palavra...

Bê.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Logo(s) na saída




Expectativa. Os trabalhos de última hora me fizeram ficar mais tenso que o normal, mas o dia quinze de setembro de 2009 nao poderia ser outro, nao poderia ser tanto, nao poderia ser tudo, se o nada pairava com força, depois dos acontecimentos da última semana.

Tenho que aprender a voar urgentemente. Para a próxima vez que faltar o chao.

Um novo velho amigo nos levou ao aeroporto de coraçao aberto, traduzindo em palavras o fim de seu casamento, a insegurança que lhe oprimia.Um peregrino a mais, em busca de coisas simples como amor de verdade.

Curiosamente o nosso aviao tinha o nome de Pedro Álvares Cabral e a simbologia fez parte do menu da noite, quando deixamos para trás o Aeroporto Tancredo Neves, em Confins.
Na tela do monitor da cadeira da frente do aviao meu reflexo nao se parecia com minha imagem que trago na mente.

Estramente "mente" tem esse nome.

Simbolicamente.

O choro que vi logo cedo, na manha da minha despedida, me fez reavaliar sentimentos confusos que deixei em banho maria. Estou com saudades.

Ao sair da minha casa, rumo ao aeroporto, Ramiro finalmente me confidenciou em forma de pergunta: Essa viagem tem uma energia estranha, nao é?

Um fado toca bem baixinho enquanto um neném chora na parte da frente da aeronave. Escuto o fado, o neném, e parece que me toca mais...

Madrid continua a mesma. Encontrar Flavinha e Marcelo, um lindo casal, pais do Pedro, logo no primeiro dia em Madrid, nos fez lembrar que o mundo é grande, mas nem tanto. Diferente da impressao que tive ao chegar em aqui pela primeira vez, em 1998.

Amanha vamos para Pamplona e seguimos para Saint Jean, na França. No sábado começa o caminho à pé.

Bê.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

by plane

Primeira etapa cumprida! Chegamos em Madrid! Por enquanto andamos pra caramba, mas foi só de aviao. Putz, nao achei o til desse teclado! Depois escrevemos com calma que ainda estamos na estacao - viemos comprar a passagem de trem pra pamplona. Bom, nao achei o cedilha também... E aí vamos!!!! Ânimo!
Bê.

prometo escrever mais da proxima vez!
ramiro.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Faltam 8 dias!



Ontem eu e Ramiro fomos fazer mais um treinamento.
Almoço na pampulha, no Quintal. Quem conhece sabe como é gostoso esse restaurante...
Ah, e, claro, fomos à pé... Êta São Tiago! Nos aguarde que nós chegamos!!!

Bom, veja o vídeo... ;)

Bê.